Medo é nada não é bem uma leitura. É uma caminhada à beira-mar, com o clarão do dia misturado ao vento salgado e os pés afundando devagarinho nas águas. É também desbravar vielas de hoje e ontem, revisitar corações partidos e criar formas nas nuvens ou em passos de dança. Nesta estreia na poesia, Américo Paim traz uma escrita solar, de versos simples e muita musicalidade, que sugere certa rigidez pelo apreço à forma fixa. Mas não se deixe enganar: em sua arquitetura, o mais importante é respirar e se envolver de luz. Num mundo de vivências cada vez mais atordoantes, Américo oferece uma possibilidade de cura através da leveza. Talvez por isso, este livro é uma transgressão: convida a contemplar uma coisa de cada vez. Quando foi a última vez que você pôde fazer “apenas” isso? No espaço do “apenas”, o que nos amedronta se torna grão de areia, e nos deixa um pouco mais aptos a sobreviver.
Susy Freitas




Américo Paim é soteropolitano, engenheiro mecânico e músico. Publicou O livro das Copas (1998) e Manual das Copas do Mundo (2018). Tem contos em 2020 o ano que não começou (2021), O elefante na sala (2022) e poemas em Poesia livre 2022 (2022). Participou das oficinas de Carlito Azevedo (poesia, 2020), Marcelino Freire (escrita criativa, 2021) e Ronaldo Bressane (ficções breves, desde 2020).
Avaliações
Não há avaliações ainda.