Neste A vida não é clean, Cilene Pereira traz ao leitor uma série de narrativas breves que se aprofundam no cotidiano, mas com cuidado para que sejam erigidas com a dita palavra certa, de modo a reter a atenção de quem lê. Suas personagens e cenas são de gente comum, geralmente tornada invisível, “subclasse”, nas palavras de Zygmunt Bauman, recurso da artista para trazer essas sombras ao mundo, não para lhes dar voz, pois não se trata disso, mas para que incomodem, a vida real, dura, recriada na trama do texto. A diversidade é grande: o operário que consegue, enfim, deixar o chão da fábrica, a doméstica que sonha em montar seu próprio negócio, o menino e seu primeiro emprego, a passista que troca de escola nas vésperas do carnaval. Os contos de Cilene Pereira são feitos de carne e ossos, esperanças e cansaços. Mas não se engane o leitor: toda esperança é vã.
Leonardo Costaneto
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