Amor cruel, amor vingador

As cinco histórias de Amor cruel, amor vingador, de Maria José de Queiroz, desafiam classificações de gênero. Segundo a autora, a primeira delas, “O juramento”, seria, na verdade, uma nivola, neologismo criado pelo escritor espanhol Miguel de Unamuno para definir ironicamente seus próprios trabalhos. E o que dizer sobre os seus quatro contos curtos, tão envolventes quanto surpreendentes? O fato é que as histórias aqui reunidas entram na esfera da trama policial ou criam, com sutileza, uma atmosfera de suspense, para abordar a culpa e a inocência, castigo e condenação. Sejam eles definidos ou determinados pela sociedade ou, mais vagamente, pela consciência. Por intermédio de um emaranhado de versões, a busca da verdade tangencia a crise do amor à luz do uso que dele fazem ou dos abusos com que o praticam. O amor aparece como vítima e algoz de fraquezas humanas, demasiado humanas, como a crueldade, o egoísmo, a cupidez, a cobiça, o orgulho. Os fascinantes enigmas de Amor cruel, amor vingador, mantêm o leitor atado à trama da vida. Para o bem ou para o mal.