Poucos são aqueles que conseguem transformar a percepção do tempo em poesia, em leitura que envolve angústia — vinda de tantos sentimentos comuns ao ser humano, mas dos quais ele tenta sempre escapar: solidão, limitações, lembranças que não se vão, sonhos perdidos pelo tempo. Alexandre Bragion escreve sobre tudo isso neste livro. E lê-lo é doído. Apesar de sua erudição, de suas referências como professor, como músico, como intelectual a viver arte e cultura no cotidiano que reconstrói sempre. Apesar do país, dos não-amores, da cidade onde vive, das ruas pouco cuidadas em que transita, da casa onde nem sempre há grama verde ou luzes que perpassam as claraboias. Vivemos tempos difíceis, todos nós. A grande marca deste livro é mostrar que mesmo assumindo-o e dissecando-o é possível fazê-lo com poesia. Qualidade de poucos. Privilégio para os que venham a lê-lo.
Beatriz Vicentini
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