A escrita de Lívia é uma força que acolhe e ao mesmo tempo incendeia. Ao se afirmar como pesquisadora e mãe, avisa a academia e ao capitalismo que não negociará a existência de mulheres e crianças. Mergulhando em suas experiências construídas na luta antimanicomial e na clínica transdisciplinar, se desviando para o próprio corpo — individual e coletivo — a autora se desnuda, sem reservas, dando visibilidade à dimensão micropolítica da existência. Na calada da noite, o peito ora jorrando, ora empedrando leite e pensamento, em privação de sono, sufocada por uma série de prescrições que nomeia “maternidade com selo branquitude de qualidade”, as vísceras em chamas, Lívia insiste em pesquisar: escritoras silenciadas, conexões e solidariedade entre mulheres, a produção do cuidado e das violências, a invisibilidade de um trabalho contínuo, o direito à raiva, ao gozo. “Que forças estão em jogo na produção da culpa?”, essa e outras indagações nos convidam a pensar no mundo. Uma declaração de amor às histórias convenientemente não contadas das mulheres-mães. — Diana Marisa Dias Freire Malito
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