Medo é nada não é bem uma leitura. É uma caminhada à beira-mar, com o clarão do dia misturado ao vento salgado e os pés afundando devagarinho nas águas. É também desbravar vielas de hoje e ontem, revisitar corações partidos e criar formas nas nuvens ou em passos de dança. Nesta estreia na poesia, Américo Paim traz uma escrita solar, de versos simples e muita musicalidade, que sugere certa rigidez pelo apreço à forma fixa. Mas não se deixe enganar: em sua arquitetura, o mais importante é respirar e se envolver de luz. Num mundo de vivências cada vez mais atordoantes, Américo oferece uma possibilidade de cura através da leveza. Talvez por isso, este livro é uma transgressão: convida a contemplar uma coisa de cada vez. Quando foi a última vez que você pôde fazer “apenas” isso? No espaço do “apenas”, o que nos amedronta se torna grão de areia, e nos deixa um pouco mais aptos a sobreviver.
Susy Freitas
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