Se há um tempo neste Tratado, ele se dá pela denúncia contra o ramerrão na poesia brasileira contemporânea: o retoricismo. A ênfase. O excesso. Fábio José de Queiroz compõe seu livro com ironia sardônica e sarcasmos. E foge dessa pasmaceira beletrista, em razão de ser o mesmo de sempre: um vitalista. Também esta sua poesia não tem a ver com “enxugamentos”, essa bobagem que se confunde hoje com o “escrever-bem”. Sua economia busca um tipo de dor radical transformada em linguagem e sujeira, muitas vezes. No caso de Fábio José, toda higiene é também perigo. Toda poesia é nada, se não for, de fato, risco, muitos riscos, antes. Aqui, Fábio José de Queiroz é econômico, mas não é sovina. Pelo contrário, é generoso. Este tratado tem, portanto, muito mais a lhe oferecer, leitor e leitora. Para mim, é um ganho para a poesia brasileira contemporânea. Vocês me dirão, abrindo suas próprias circunscrições, por onde a força vitalista desta poesia circula para sempre, sem nenhuma economia de gestos.
Sidney Rocha
Avaliações
Não há avaliações ainda.