Em Costuras do infinito sobre o peito , o espaço sem fim pode ser lido como o espaço do “eu”, interminável devido a sua capacidade de se reinventar a cada entardecer. Na escrita de Márcio Maués, as memórias e os silêncios que preenchem as ruas e as águas ao pôr do sol são uma imagem frequente, como se, ao fim dos dias, o mundo diminuísse para a gente se engrandecer e se enxergar por dentro. Muitos são os universos particulares desbravados pelo poeta paraense de “libélulas na língua”, que, não se limitando à beleza da vida cotidiana, também explora o fardo do romper da taciturnidade. Dando ecos a seu “coração Griot”, Márcio Maués compartilha uma biblioteca viva, cheia de memórias e de confissões que podem ser mesmo suas, mas que, principalmente, poderiam ter sido retiradas de nossa sala de estar ao fim de uma tarde chuvosa.
Ana Sá




Eu, poeta, médico. Sonâmbulo, no meio da poesia adormeço/acordo o presente. Nasci em Abaetetuba-PA, às 7:30h, casa de madeira. Morei até os 14 lá, li a Bíblia, rabisquei nas folhas que tive. Dormi muitas noites ao pé da cama num dos cômodos da casa onde lia o silêncio que me habitava. Cresci em Belém-PA com Clarice, Drummond, Florbela, Neruda, Pessôa, Josi, Kil, Mário de Sá. Ouço Alba, Elis, Caê; Pedra de Toque (90), Poemas do desmantelo do campo de espera (2008), outras participações coletivas daqui e dali.
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