Em Costuras do infinito sobre o peito , o espaço sem fim pode ser lido como o espaço do “eu”, interminável devido a sua capacidade de se reinventar a cada entardecer. Na escrita de Márcio Maués, as memórias e os silêncios que preenchem as ruas e as águas ao pôr do sol são uma imagem frequente, como se, ao fim dos dias, o mundo diminuísse para a gente se engrandecer e se enxergar por dentro. Muitos são os universos particulares desbravados pelo poeta paraense de “libélulas na língua”, que, não se limitando à beleza da vida cotidiana, também explora o fardo do romper da taciturnidade. Dando ecos a seu “coração Griot”, Márcio Maués compartilha uma biblioteca viva, cheia de memórias e de confissões que podem ser mesmo suas, mas que, principalmente, poderiam ter sido retiradas de nossa sala de estar ao fim de uma tarde chuvosa.
Ana Sá
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