De vasta trajetória acadêmica e literária, neste seu primeiro livro editado orgulhosamente pela Caravana, Décio Torres Cruz irmana a beleza da palavra certa, ao lirismo que há na matemática, com sua complexidade e história, o que talvez nos afaste dela por vezes, assim como da própria literatura, linguagem universal dos homens, que sonham e fabulam. Se o menino que o poeta foi correu mundo, sempre como um dos melhores entre os seus nas humanidades, os números lhe faziam medo, mas não intimidavam. Homem feito e poeta, deitado na rede de casa, um fim de semana como outro qualquer, das Musas veio inspiração, não para cantar poetas de outrora, mas para louvar os algarismos e sua miríade de formas, suas fórmulas. E aqui temos, em A poesia da matemática, um passeio pelos jardins do mundo antigo que convida o novo a nele se misturar, na medida em que cruzamos a ponte dos milênios em direção ao divino que reside na literatura, na música, nas artes; na perfeição da matemática que eleva aos deuses. Aqui, no alto da Acrópole, diante do Partenon, obsto ante tanta beleza e sei que nada disso existiria somente pelas palavras, pois a matéria que ergue tanta maravilha foi tramada, antes, com números, números que viraram forma pela força do engenho dos homens. Aqui, em suma, presto reverência aos deuses e venho oferecer a eles algo precioso, a poesia de Décio Torres Cruz.
Leonardo Costaneto,
Atenas, primavera de 2024
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