“Sou uma mulher multifacetada.” Quando se é uma mulher negra, essa afirmativa tem vários significados e poder para quem a lê. Em uma sociedade que nos encarcerou durante séculos em nossa raça, nos reduzindo a um grupo homogêneo sem face, sem sentimentos, sem fala e sem escrita, se colocar enquanto singular e múltipla é ir contra a narrativa hegemônica que viola nossas subjetividades, negando nosso lugar de sujeitas. A poesia de Manu Black nos traz cada faceta de escritas que só poderiam sair das mãos de uma pensadora negra e lésbica. As escrevivências aqui presentes nos falam dos não ditos que puderam ser escritos. Se em algum momento nos acorrentaram e amordaçaram nos dizendo que não tínhamos complexidade para sermos sujeitas das escritas, neste livro temos um emaranhado de vida que perpassa pela dor, tesão, alegria, cansaço, amor, desejo: passa pela vida. Múltiplas vidas e sentidos que outrora nos negaram.
Bruna Santiago
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