Confissões do corpo

Em Confissões do corpo, há uma espécie de narrativa individual e coletiva do corpo: um movimento de avanço e retração. O corpo que confessa é o mesmo corpo que realiza o embate consigo e em si no contato com o outro e o mundo. Sua fragilidade é também a da tradução: a palavra que engendra e revela, reduz e mata. O corpo são corpos, desse modo, a voz do eu poético confunde-se feminina, masculina, singular, plural, jovem, velha, atual, longínqua. O sentimento oceânico de que nos fala Freud está em nós e fora de nós: o que fazer da história, do outro, de nós mesmos, do pertencimento e do desalento sem o corpo? O livro divide-se em quatro partes: O corpo que se anuncia; O corpo e outros corpos; O corpo que observa; Outros corpos. O corpo físico ganha outros contornos no decorrer da obra: concreto tal qual o conhecemos ou transposto em palavras; objeto de sondagens ou insondável; o que fala, o do qual se fala, ou o ao qual se dirige; o que anseia por resposta ou prefere esquivar-se dela. A obra pretende um movimento ao mesmo tempo linear (basta observar sua divisão) e difuso, já que não é fácil contar a história do corpo, nem a história que o mesmo deseja comunicar.