Fomos mais protagonistas em 2022. Veja, estou falando de literatura e não há nada contra a feita por homens aqui, por favor, entendam, queridos amigos! Mas, sabe como é, a gente luta faz tempo para dividir esse bolo em partes iguais. E, embora tenhamos o que comemorar, ainda falta. Da foto histórica ao Nobel, do resgate do apagamento aos prêmios literários mais importantes. Até aumento em nossos gráficos de vendas, quem diria? Mulheres que vão chegando, ocupando, mostrando que não existe “literatura de mulher”. É literatura e ponto. Coisa boa isso. Importante. Justa. Vivente. Durante séculos o direito de escrever foi negado às mulheres. Depois, algumas poucas “escolhidas” elevaram suas vozes. Em seguida, só as mortas recebiam homenagens. Pense bem, quantos livros de autoras você leu na escola? Quantos de autoras vivas? Quantas contemporâneas? A lista vai ficando menor, certo? (“que lista?” você pode responder sem medo, eu entendo). Mas, ouça essa boa-nova: agora ocupamos espaços no mercado literário antes tão dominado pelos homens! Somos revisoras, ilustradoras, diagramadoras, capistas, editoras… oferecemos nosso olhar atento às obras escritas por mulheres e à toda cadeia de produção editorial. Participamos de eventos, somos convidadas para mesas de debates, somos finalistas, somos premiadas, somos lidas, dizemos o que pensamos! E por que tudo isso é tão importante para todas as pessoas e não apenas para as mulheres? Porque uma sociedade mais equilibrada é melhor para todo mundo; e ainda estamos longe desse justo equilíbrio. Poucas mulheres de baixa condição social, negras, indígenas alcançam visibilidade no universo literário, quer seja escrevendo ou sendo escritas. Esse também é cenário em mudança, mas ela é lenta. O acesso à educação e aos incentivos culturais têm muito a ver com isso; a necessidade de quebra de estereótipos e preconceitos urge. As editoras independentes dos grandes grupos são as que mais abrem portas. Vale a pena observar. Se você me pedisse um conselho, eu diria: leia mais mulheres, dê preferência às contemporâneas. Nós estamos em todos os gêneros literários, oferecemos variedade, capricho, qualidade. Estamos nos romances e poemas; no suspense e no terror; nos dramas policiais, na fantasia e nas comédias; temos contos, HQ´s, noir e tanto mais. Pode escolher seu estilo preferido, estaremos lá. Por fim, em minha modesta opinião, 2022 ficará marcado na história como um ano especialmente importante para a literatura feita por mulheres, não apenas no Brasil. Faça parte disso! Que tal ler um livro escrito por mulher hoje?
Elaine é carioca, inquieta, escritora, revisora e preparadora de textos, editora assistente na Caravana. Multitarefas, começou a publicar seus contos em 2020. Hoje são três livros solo publicados, incluindo um romance, e dezenas de textos espalhados por coletâneas e revistas literárias. Seu foco são “histórias de gente”.